Nos posts anteriores discorremos sobre
como as Escrituras revelam que Jesus sendo Deus (Filho), desde o princípio com
Deus (Pai), se fez carne e habitou entre os homens e isto “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna”(João 3:16).
Também assumimos o compromisso de citar as passagens que tratam da Sua primeira
vinda, desde o Antigo Testamento. Tais passagens foram inicialmente proféticas
e ao mesmo tempo em que anunciaram e ensinaram que Ele viria, porque Ele viria,
em que determinado tempo viria, onde nasceria ou mesmo como nasceria também
trouxeram muitos esclarecimentos sobre os vários aspectos do caráter da Sua
vinda.
A primeira menção da vinda do Salvador
encontra-se no primeiro livro da Bíblia chamado de Gênesis, e antes de citarmos
o texto que contêm esta passagem é importante fazermos algumas considerações.
No livro de Gênesis lemos como Deus criou
os céus e a terra e tudo o que neles há, e ao final de cada ato criador,
excetuando o segundo dia, encontramos a expressão: “E viu Deus que isto era bom.” Com a criação do homem e da mulher, como
ato final da Sua criação, lemos a seguinte declaração: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que
era muito bom.” Portanto, não resta dúvida quanto à
qualidade de tudo o que Deus criou. “Era muito bom!”
Tratando-se de Adão, o primeiro homem criado por Deus, quanto ao âmbito de sua esfera, fora entregue às suas mãos o governo de todas as coisas e este tendo sido colocado no jardim do Éden, recebeu de Deus a responsabilidade de cultivá-lo e de guardá-lo. Um irmão querido recentemente me perguntou se eu havia me atentado à responsabilidade de Adão ser extensiva tanto ao cultivo quanto à guarda do jardim, fato que me despertou a este respeito. A ordem e a necessidade de se cultivar o jardim é compreensível, mas guardá-lo? De que? Havia algum mal rondando aquele paraíso a ponto de nosso primeiro pai Adão ter de guardá-lo? Que estranho não? Fiquemos com esta pergunta por enquanto, pois no decorrer deste artigo vamos procurar elucidá-la.
Pois bem, naquele bom começo, teria o
homem que observar somente uma ordem:
"Tomou, pois, o SENHOR Deus ao
homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E o SENHOR
Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da
árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela
comeres, certamente morrerás."
(Gênesis 2: 15-17)."
Esta passagem da Bíblia, inclusive é
utilizada em alguns cursos de direito, onde é citada como a primeira lei e a
primeira sanção penal. Não comas (primeira lei); pois morrerás (primeira sanção
penal).
A partir do capítulo 3 deste livro vemos surgir
um personagem estranho e dissimulador, o qual é chamado de “a serpente.” Em
outras porções bíblicas somos esclarecidos que este personagem tratava-se de
Satanás, portanto ai está o porquê da necessidade de Adão guardar o jardim,
pois ali já havia um inimigo. Ao continuar lendo este capítulo somos informados
como nossos primeiros pais, em cúmplice rebelião com a serpente, caíram na
desobediência da única ordenança que lhes fora imposta por Deus. Nota-se pelo
relato que, provavelmente, Eva estava próxima da árvore do conhecimento do bem
e do mal a olhando com interesse, quando foi abordada pela serpente que lhe
enganando a induziu a comer do fruto e depois de comê-lo, Eva tomou do fruto e
o deu a Adão e este também comeu. Tão logo comeram do fruto, diz o texto
sagrado, seus olhos se abriram e perceberam que estavam nus! Com isto
entendemos em parte o porquê do homem ter se tornado o único ser da criação que
necessita de roupa, tanto para cobrir sua nudez, quanto para protegê-lo das
intempéries climáticas. A este respeito o irmão Antonio Marcos diz:
"O fato é que o casal em seu
estado paradisíaco encontrava-se envolvido por algo que dizia respeito à
própria glória de Deus.
Notem que quando o apóstolo Paulo refere-se ao estado
de perdição que agora o homem exibe, ele não diz que o homem carece do perdão
de Deus, ou que carece da redenção, ou que carece da salvação, embora tudo isto
seja verdade. Mas ali, no texto inspirado em Romanos 3, versículo 23,
encontramos a impressionante expressão: ‘carecem da glória de Deus!...pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus,...’ (Rm 3.23)
Assim deduzimos que o que envolvia o casal
em sua condição original era algo da própria glória de Deus. Quem sabe, um
resplendor da glória de Deus!
É evidentemente digno de nota que, ao
final, quando Deus obtém o excelente resultado de seu trabalho; sua
obra concluída na qual, todos nós, os que nEle cremos fomos
envolvidos, o que se vê?
Com o que nós nos deparamos? Com o fulgor
de Sua própria glória!
‘...e me transportou, em espírito, até a
uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que
descia do céu, da parte de Deus, a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor
era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina...’ (Ap
21.10-11)."
Em outras passagens somos informados que por causa deste lamentável ato, houve a entrada da morte no mundo, e a morte passou a ser experimentada por toda a raça humana (os descendentes de Adão). Assim, o homem que tinha tudo para continuar sendo coroa da criação, tendo se aliado ao inimigo, caiu em desgraça e além de ter se tornado mortal, estendeu a morte a toda a sua descendência.
O leitor atento das Escrituras verá no
versículo 8 deste mencionado capítulo, que Adão e Eva ao ouvirem a voz do SENHOR Deus,
se esconderam por entre as arvores do jardim. Ele, entretanto, amorosamente
procura-os, e ao ouvir de Adão que se escondera porque estava nu e tivera medo
(é instrutivo notar que a esta altura dos acontecimentos, pelos seus próprios
esforços eles haviam feito roupas de figueira para se cobrirem, mas tal
providência se mostrou insuficiente, pois não aplacou sequer as suas próprias
consciências, situação que até hoje ocorre com aqueles que procuram reparar por
seus próprios esforços o que de errado fazem para com de Deus), o Criador
pergunta a Adão se este havia comido da arvore que Ele ordenou que não comesse.
A resposta foi a pior possível, denotando que o homem normalmente além de não
assumir seus erros para com Deus, culpa a outros por suas falhas, e em última
estância atribui a culpa de seus fracassos, injustamente, ao próprio Criador. “A mulher que me deste.”
Em seguida, após também ouvir os
argumentos da mulher, o SENHOR Deus passa a proferir Seus juízos como
lemos nos seguintes textos:
"Então, o SENHOR Deus disse à
serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos
e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e
comerás pó todos os dias da tua vida. Porei
inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.
Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (grifo meu). E à mulher disse:
Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás
à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará. E a Adão
disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te
ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela
o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e
abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu
pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó
tornarás."
(Gênesis 3: 14-19).
NOTA: Deus disse para Adão que a terra ser
tornara maldita por sua causa, assim entendemos que tudo o que Deus fizera
anteriormente “era
muito bom",
todavia depois da queda, toda a criação estava comprometida e se tornara
maldita por causa da transgressão do primeiro homem.
Entretanto, quero chamar a atenção para o início dos juízos proferidos por Deus, quando Ele faz a primeira menção da vinda do Salvador, dizendo à serpente:
“Porei inimizade entre ti e a mulher,
entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe
ferirás o calcanhar.”
Neste versículo lemos que apesar do homem
ter se aliado ao maligno e transgredido a única ordem que recebera, tornando-se
desligado (morto) da vida que é Deus, e que por sua causa a terra havia se
tornado maldita, vemos surgir graciosamente uma esperança. O SENHOR Deus afirma
que viria Um descendente da mulher, que iria ferir a cabeça da serpente. Muitos
estudiosos das Escrituras afirmam ser este versículo um proto-evangelho,
enxergando que no tempo determinado realmente veio Jesus, nascido em carne,
nascido de mulher, o qual na cruz feriu a cabeça da serpente.
“e, despojando os principados e as
potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz.”
Colossenses 2:15
Desta forma esta é a primeira menção da
vinda do Salvador que encontramos nas Escrituras, logo no início da história da
raça humana, demonstrando que apesar dos insuficientes esforços do homem, Deus
proveria Um, o qual através de determinado sofrimento venceria a serpente.
Se acaso estiveres se sentindo frustrado
em seus esforços para com Deus, os quais a Bíblia sempre declara serem
insuficientes, lembre-se, existe um salvador eficaz, Jesus Cristo!
Rubens Rodrigues