A DONA CONCEIÇÃO E A VIDA ETERNA
Neste último final de semana a Dona Conceição,conhecida desta forma por parentes, vizinhos e amigos, depois de permanecer internada por 40 dias, para a tristeza de todos que a conheciam, acabou não resistindo e veio a falecer.
Esta querida tornou-se inesquecível para muitas pessoas, e
particularmente para mim também.
No início dos anos 60, quando com quatro anos de idade me mudei com meus
pais para a casa onde resido até hoje, nos tornamos vizinhos desta senhora e de
sua família. Os anos se passaram, nasceram e morreram pessoas queridas de ambas
as famílias e nossa convivência nos tornou mais chegados até do que parentes.
Aqui cabe uma ressalva! Este privilégio de tê-la e aos seus familiares como que
considerados parentes, não era uma exclusividade da minha família, mas de
muitos. Indistintamente todos, filhos, netos, parentes, vizinhos de perto e
amigos de longe, todos que de alguma forma conviverem com a Dona Conceição, desenvolveram
uma forte amizade com ela, provavelmente cativados pela gentileza e amor que ela devotava a todos que cruzavam
o seu caminho.
O fato é que todos os que conviveram com ela irão concordar que ela era
a tradução viva da palavra bondade. Nos 53 anos de convivência que tivemos,
antes dela contrair a enfermidade que culminou com sua morte, nunca vi a Dona
Conceição se queixar de qualquer coisa que seja. Quando nos a visitávamos ela era
sempre solícita em nos servir algo para
comer ou para beber, e assim fazia com todos que iam a sua casa, independente de credo ou posição social. Ela também visitava a todos que contraiam alguma enfermidade ou estavam em convalescência, ajudando-os no que fosse necessário e também procurava levar-lhes palavras de conforto e ânimo. Ela estava sempre pronta a
servir ao próximo.
Certa feita fui visitá-la e na oportunidade ela acolhera uma amiga que
estava com algumas dificuldades. Esta amiga, senhora de elevada idade, havia se convertido ha poucos anos ao
evangelho e seguia a doutrina de uma denominação evangélica de confissão
tradicional. Ao conversarmos os três sobre a Salvação bíblica, fiz-lhes a
seguinte pergunta:
Imagine
que você morreu e está diante do Criador, o qual lhes pergunta: Por que você
merece a vida eterna? Por que Eu devo te deixar entrar na vida eterna?
A senhora evangélica pensativa disse:
"Bom, eu diria a Deus que Ele deveria me deixar entrar na
vida eterna porque tenho me esforçado em ser uma boa cristã. Diria que eu tenho
tentado obedecer-Lhe, por isto Ele deveria me deixar entrar na vida
eterna!"
Virando-me para a Dona Conceição, perguntei-lhe:
E a
senhora, o que diria?
Humildemente e com a voz mansa e amorosa ela disse que falaria assim:
"Ah Senhor, eu não mereço nada, pois sou muito falha! Mas
acredito que o Senhor deva me deixar entrar na vida eterna porque Teu Filho
Jesus Cristo morreu na cruz para pagar os meus pecados e Ele é o meu
Salvador!"
Fiquei surpreso com as duas respostas, sendo que a primeira nitidamente
acreditava ser merecedora da salvação por suas obras, fato que destoa
totalmente da doutrina bíblica a respeito do assunto. A resposta da Dona
Conceição demonstrava que ela conhecia e cria no sacrifício substitutivo de Cristo a seu favor!
Mesmo estando muito triste com a partida desta querida amiga,
sinto-me bastante consolado, pois ela longe de confiar em seus próprios méritos, cria e confiava nos méritos do seu Salvador Jesus Cristo!
Lembrando que por obras ninguém pode ser salvo, quando você
morrer e estiver diante do Criador, qual será o teu argumento para entrares na
vida eterna?
Rubens Rodrigues