quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A DONA CONCEIÇÃO E A VIDA ETERNA



Neste último final de semana a Dona Conceição,conhecida desta forma por parentes, vizinhos e amigos, depois de permanecer internada por 40 dias, para a tristeza de todos que a conheciam, acabou não resistindo e veio a falecer.

Esta querida tornou-se inesquecível para muitas pessoas, e particularmente para mim também.

No início dos anos 60, quando com quatro anos de idade me mudei com meus pais para a casa onde resido até hoje, nos tornamos vizinhos desta senhora e de sua família. Os anos se passaram, nasceram e morreram pessoas queridas de ambas as famílias e nossa convivência nos tornou mais chegados até do que parentes. Aqui cabe uma ressalva! Este privilégio de tê-la e aos seus familiares como que considerados parentes, não era uma exclusividade da minha família, mas de muitos. Indistintamente todos, filhos, netos, parentes, vizinhos de perto e amigos de longe, todos que de alguma forma conviverem com a Dona Conceição, desenvolveram uma forte amizade com ela, provavelmente cativados pela gentileza  e amor que ela devotava a todos que cruzavam o seu caminho. 

O fato é que todos os que conviveram com ela irão concordar que ela era a tradução viva da palavra bondade. Nos 53 anos de convivência que tivemos, antes dela contrair a enfermidade que culminou com sua morte, nunca vi a Dona Conceição se queixar de qualquer coisa que seja. Quando nos a visitávamos ela era sempre solícita  em nos servir algo para comer ou para beber, e assim fazia com todos que iam a sua casa, independente de credo ou posição social. Ela também visitava a todos que contraiam alguma enfermidade ou estavam em convalescência, ajudando-os no que fosse necessário e também procurava levar-lhes palavras de conforto e ânimo. Ela estava sempre pronta a servir ao próximo.

Certa feita fui visitá-la e na oportunidade ela acolhera uma amiga que estava com algumas dificuldades. Esta amiga, senhora de elevada idade,  havia se convertido ha poucos anos ao evangelho e seguia a doutrina de uma denominação evangélica de confissão tradicional. Ao conversarmos os três sobre a Salvação bíblica, fiz-lhes a seguinte pergunta:

Imagine que você morreu e está diante do Criador, o qual lhes pergunta: Por que você merece a vida eterna? Por que Eu devo te deixar entrar na vida eterna?

A senhora evangélica pensativa disse:

"Bom, eu diria a Deus que Ele deveria me deixar entrar na vida eterna porque tenho me esforçado em ser uma boa cristã. Diria que eu tenho tentado obedecer-Lhe, por isto Ele deveria me deixar entrar na vida eterna!"

Virando-me para a Dona Conceição, perguntei-lhe:

E a senhora, o que diria?

Humildemente e com a voz mansa e amorosa ela disse que falaria assim:

"Ah Senhor, eu não mereço nada, pois sou muito falha! Mas acredito que o Senhor deva me deixar entrar na vida eterna porque Teu Filho Jesus Cristo morreu na cruz para pagar os meus pecados e Ele é o meu Salvador!"

Fiquei surpreso com as duas respostas, sendo que a primeira nitidamente acreditava ser merecedora da salvação por suas obras, fato que destoa totalmente da doutrina bíblica a respeito do assunto. A resposta da Dona Conceição demonstrava que ela conhecia e cria no sacrifício substitutivo de Cristo a seu favor!

Mesmo estando muito triste com a partida desta querida amiga, sinto-me bastante consolado, pois ela longe de confiar em seus próprios méritos, cria e confiava nos méritos do seu Salvador Jesus Cristo!

Lembrando que por obras ninguém pode ser salvo, quando você morrer e estiver diante do Criador, qual será o teu argumento para entrares na vida eterna?


Rubens Rodrigues